Se você é da turma que não vê razão para os acentos gráficos, lamento informar que a sua queixa não procede. Os tracinhos cumprem um nobre propósito nas terras da língua escrita.
Na língua oral, qualquer falante nativo sabe a prosódia (como pronunciar corretamente a sílaba tônica) da maioria das palavras. Mas se algum estrangeiro precisar se valer do texto escrito, a acentuação entrará em cena para auxiliá-lo, sinalizando as sílabas tônicas que não acompanham o ritmo comum da maioria. São ruins de dança, sabe como é. Por isso – leia calmamente – a acentuação serve para sinalizar as exceções e não para complicar a sua vida. Trauma superado?
Por exemplo, muitas pessoas falam RUbrica ao invés de ruBRIca. Mas se essa palavra fosse proparoxítona, teria de ter acento no RU, pois a regra (única) das proparoxítonas diz que todas são acentuadas. Logo, se não há acento, a prosódia correta é ruBRIca, paroxítona. Alíás, esse é o ritmo comum da maioria de nossas palavras.
Talvez você ainda tenha uma pulguinha atrás da orelha te incomodando e perguntando: “E por que não rubriCA?” Devo confessar que suas pulgas são mais inteligentes do que eu imaginava. A resposta é que, caras pulgas, se a pronúnica fosse rubriCA, ela seria oxítona e teria de ser acentuada no A, como toda a família oxitona é. Então, como nossa professora de dança não sinalizou nenhum passinho incomum, podemos pronunciar ruBRIca sem medo.
Já posso ouvir o coro: “Bravo!”
Agora, como toda boa professora de dança, a acentuação merece toda a sua simpatia, hein?